…o ato de redigir cartas com o intuito de curar nosso clã é uma expressão de que compreendemos que temos um papel ativo na transformação que desejamos
O hábito de escrever cartas foi, durante muito tempo na história da humanidade, o único meio de comunicação entre as pessoas distantes geograficamente. Elas também costumavam escrever seus diários; cadernos onde redigiam detalhadamente a punho sobre os acontecimentos do cotidiano e expressavam suas emoções, alegrias e angústias, com toda a habilidade e eloquência que muitos tinham naquela época.
Usando o diário como um verdadeiro confidente amigo, essas pessoas não imaginavam tamanho valor terapêutico no hábito saudável que elas cultivavam.
Hoje, a Nova Medicina Germânica nos diz que um dos motivos que faz com que desenvolvamos as doenças e sintomas, físicos e emocionais, é a impossibilidade, incapacidade, ou escolha de não expressar ou compartilhar em palavras o que estamos sentindo quando vivemos um hiperestresse, vivendo a situação em isolamento. Esse é o primeiro benefício de escrever as cartas. Quando o fazemos, estamos dedicados por alguns momentos à revirar internamente nossos sentimentos e expressá-los em palavras, que devem vir do mais profundo de nosso âmago. Ao conseguir fazer isso, nós definimos literalmente como estamos nos sentindo, o que nos trás um autoconhecimento sobre como nós estamos lidando com a situação, saindo da condição de isolamento por conseguir expressar em palavras os sentimentos, ainda que em uma carta privada.
Além disso, para que desenvolvamos uma doença ou sintoma, precisamos viver dois momentos de hiperestresse em nossas vidas, que impactam nosso “terreno frágil” sob o qual o sintoma aparecerá somente após o segundo hiperestresse. Identificar esses dois eventos é relativamente fácil e possível de se fazer com determinadas terapias. A dificuldade maior muitas vezes está em identificar a fragilidade emocional que herdamos, nosso “terreno” herdado de nossa família, nossa “pegada genômica”.
O “terreno” que herdamos de nosso clã é nosso pré programante, são nossas fragilidades familiares, que se tornarão nossas próprias fragilidades. Elas são expressas em nossas vidas na forma de sintomas, comportamentos, padrões que até podemos identificar em nossa família, como doenças “hereditárias”, dificuldades relacionais, históricos de abuso de drogas, alcolismo, abandonos… etc.
Partindo do princípio que é preciso identificar o que originou o problema, mudar a percepção sob aquele evento para somente então podermos alcançar a cura, é preciso trabalhar não somente as situações vividas mas também nossas fragilidades familiares. Identificar, mudar o olhar, e curar.
Se a autorresponsabilidade é imprescindível nesse processo, o ato de redigir cartas com o intuito de curar nosso clã é uma expressão de que compreendemos que temos um papel ativo na transformação que desejamos. É assumir não apenas a responsabilidade, mas também a possibilidade de transformação pela força de nossas ações e mudanças na nossa percepção. É um verdadeiro ato de amor, um exercício de autoconhecimento e perdão.
Fizemos pelo Projeto Nosso Corpo Fala, eu e minha amiga co-idealizadora, Luana Frasson, um E-book com vários modelos de cartas e duas sugestões de como trabalhar com elas. Está disponível para download logo abaixo do texto.
Trata-se de uma ferramenta de transformação ativa para aqueles que já aprenderam sob o princípio da autorresponsabilidade que temos em nossos estados físicos e emocionais, bem como no potencial inato à todos nós de criar as mudanças que desejamos em nossas vidas.
Desejamos muitas transformações e muita autoresponsabilidade para o uso desta ferramenta!