Em determinados momentos de nossas vidas, nós calamos emoções e sentimentos sobre algo ou sobre alguém por medo dos enfrentamentos, rejeição, do abandono, da solidão, de perder prestígio, do que dirão, etc… sem nos dar conta que estamos alimentando nossa sombra (ego = eu artificial), e esta se manifestará no momento menos oportuno.
Sempre que necessário eu passo esse exercício aos meus pacientes, como uma ferramenta para exercer a autoresponsabilidade em ressignificar suas percepções, dar maior autonomia para o paciente no processo terapêutico e deixar que ele colha os frutos do seu próprio mérito em se empenhar nas próprias questões. O potencial deste exercício é mais forte do que muitos imaginam, e eu já coleciono algumas histórias emocionantes de pacientes que colocaram em prática.
Este sensível exercício nos ajudará a soltar todas essas emoções no momento que estivermos quase “perdendo a cabeça”, como coloquialmente falamos quando estamos a ponto de sofrer um colapso nervoso. Esta carta pode ser dirigida a qualquer pessoa, vivos ou mortos, e também pode escrevê-la à você mesmo, é uma maneira rápida de liberar emoções.
Escreva à mão, em papel, de punho e letra, dizendo à esta pessoa com a qual você se encontra em conflito, todo o negativo, mas também o positivo. Não se preocupe se disser algum insulto, pois deve escrever tudo o que estiver sentindo, tudo o que estiver te queimando por dentro. Estas cartas podem ajudar e muito a liberar emoções e sentimentos que te condicionavam, que não te deixavam avançar em seu caminho.
Depoimento de L.H.:
Estive 11 anos odiando alguém que foi mito importante em minha vida. Me sentia pisoteada, abandonada, humilhada, ignorada, era muito ódio que me invadia. Naquele tempo ainda não havia despertado. Quanta amargura e sofrimento eu teria evitado! Mas hoje sei que tudo acontece por alguma razão e no momento exato. Não são erros, são lições de vida que repetimos uma e outra vez até que as tenhamos aprendido e superado.
Escrevi esta carta a esta pessoa, e desde a primeira carta notei que soltei peso e me senti mais leve. Foram 3 cartas que escrevi, uma a cada 3 dias, e houve um milagre. Um dia nos sentamos para conversar sobre assuntos pendentes, e me surpreendi lhe dando um abraço de coração. A magia do perdão! Agora temos uma relação cordial.
A carta pode ser para familiares, parceiros, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, inimigos, desconhecidos, vivos ou mortos. Também pode escrevê-la sobre ti mesmo, soltando suas emoções.
Escreva a carta à mão, de seu punho e letra corrida, sem voltar atrás. Evite apagar, não sobrescreva. Escreva a carta tal como vão saindo os sentimentos de sua mente ao papel, dizendo a essa pessoa tudo o que sente seja positivo ou negativo (sem reflexões, mesmo que escape algum insulto), diga tudo o que te queima por dentro.
Tudo o que necessitava e não obteve
Tudo o que queria dizer e não se atreveu
Tudo o que desejava mudar e não podia
Tudo o que não suportava
Todos os temas pendentes
Se trata de escrever uma carta para abrir as comportas das frustrações e coisas reprimidas de seu interior. Faça com entrega, com sinceridade, sem se enganar, sem medo. Não segure nada. Não importa se surgirem coisas feias ou insultos, raiva ou tristeza. Se não expressar o negativo, ele se encapsula dentro de ti.
Não há um tempo para terminá-la, pode dedicar vários dias a esta tarefa se necessitar.
Algo que deve ter muito claro é que estas cartas são privadas, somente tuas, e ninguém deve lê-las, por nenhum motivo, muito menos as pessoas a quem elas são dirigidas.
Sugestão de modelo:
Dirigida à … (Nome e sobrenome)
Eu… (Seu nome e sobrenome)
Conteúdo: Aqui escreva tudo o que sente sobre a pessoa, não segure nem guarde nada. (Não repasse a carta, mesmo que repita várias vezes a mesma coisa, o importante é que esteja satisfeito em dizer o que precisa). Não deve fazer interrupções, e não pode se levantar nem distrair até que termine. Deve realizar focado e com total consciência, tem que ler ao mesmo tempo que escreve para que estejas escutando.
Como despedida escrever: Te perdoo, te amo, te liberto, agora e para sempre.
(Nome e sobrenome da pessoa) me perdoa, me ame, me liberte, agora e para sempre. Assim seja.
Gratidão, gratidão, gratidão. Feito está.
Quando terminar assine a carta, a queime e jogue as cinzas onde preferir. É uma sugestão enterrar ou jogar em água corrente, mas pode fazer como lhe disser seu coração.
Pode repetir a carta quantas vezes quiser, em diferentes dias, e sempre que sentir a necessidade de “liberar algo”, e assim sucessivamente até que já não tenha mais nada a dizer sobre o assunto. Se desejar, pode eleger uma data significativa para escrever (aniversários, bodas, ou alguma data concreta para você), é uma sugestão, mas pode escrever quando sentir que é o momento adequado.
Gostou? Compartilhe, comente. Esse conteúdo foi feito pensando em lhe dar uma ferramenta para conquistar um melhor estado de saúde emocional e física e foi testado por mim mesma algumas vezes, com sucesso. Comente depois como foi para você fazer sua carta. Seu depoimento pode fazer a diferença para alguém.
Autora: Simone Carvalho