“…as células individuais acumulam lembranças com base na experiência antes mesmo da formação do cérebro.”
Nesta série de postagens sobre os desafios no início da vida, vamos abordar vários temas. Hoje neste post aprenda como o estresse influencia a prioridade do cérebro em crescer ou se proteger; como a memória celular funciona no início da vida registrando as vivências intraútero, e como os sons intraútero são percebidos. Deixe seu comentário sobre o que está achando desta série!
Crescimento ou proteção?
Todo organismo vivo tem duas categorias de comportamento para a sobrevivência: aqueles que promovem crescimento e aqueles que promovem a proteção.
Na promoção do crescimento há a busca por nutrientes, ambiente favoráveis e um macho ou fêmea para a sobrevivência da espécie.
Os que promovem proteção são comportamentos que o organismo utiliza para evitar que algo de mal lhe aconteça.
Uma célula é capaz de se aproximar/afastar de uma fonte ou alvo.
Organismos complexos, como um ser humano pré-natal, têm reações celulares em conjunto, são ativados modelos de desenvolvimento que priorizam ou o crescimento, ou a proteção, baseado na percepção que esta criança (organismo) tem do meio ambiente.
Essas percepções afetam a criança em desenvolvimento de muitas formas, e para a criança por nascer, o único canal é a mãe, ela serve de conduíte do bebê para o mundo externo.
No melhor dos mundos possíveis, a capacidade da mãe de transmitir informações do ambiente para o bebê vai afetar diretamente a seleção dos programas genéticos mais adequados para a sobrevivência.
Uma grávida em perigo – seja por uma calamidade natural, seja por maus tratos do cônjuge – vai enviar constantemente esses sinais de perigo ao seu bebê, alterando o equilíbrio do desenvolvimento do cérebro, enfatizando a proteção às expensas do crescimento.
Sinais relativos à existência de um ambiente maternal amoroso e acolhedor encorajam a seleção de programas genéticos que promovem o crescimento.
Como a prole vai passar a vida – ou grande parte dela – no ambiente em que foi gerada, a programação de desenvolvimento do recém nascido por parte da mãe tem grande valor adaptativo para a sobrevivência da espécie.
Essas adaptações irão trazer ao mundo crianças sensíveis, amorosas e empáticas ou crianças agressivas, alertas e reativas, conforme a percepção durante o seu desenvolvimento no útero materno.
Memória celular
A base do trabalho com a microfisioterapia está alicerçada na capacidade de memória celular.
Seguindo na série de posts sobre o bebê do amanhã (e o bebê que todos nós fomos algum dia), vamos falar um pouco sobre essa capacidade.
Hoje, a evidência científica relativa à memória celular, foi apresentada por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos e de outros laboratórios de prestígio.
Sua conclusão coletiva foi, que as células individuais acumulam lembranças com base na experiência antes mesmo da formação do cérebro.
Os acontecimentos naturais e fisiológicos de uma gestação e outros muitos que se seguem a eles, segundo os novos princípios da biologia celular, são “experienciados” pelo jovem embrião e provavelmente servem de precursores das sensações, das emoções e da personalidade (PERT, 1999).
Os detalhes ainda são conjeturas, mas as teorias mais recentes atribuem nossas sensações mais profundas de prazer, dor, medo e luta aos primeiros dias de vida. À medida que a criança por nascer cresce, as experiências – tanto positivas quanto negativas – entram por meio dos sentidos que estão se desenvolvendo rapidamente – os sentidos da audição, paladar, olfato, visão, e movimento (e outros mais).
Com 7 semanas o feto já começa a ter sensibilidade ao tátil, e começa a reagir ao próprio toque e ao toque com a superfície do útero e cordão umbilical. A visão, mesmo com pálpebras fundidas entre a 10a e 26a semanas de gestação, as crianças percebem o claro e o escuro, e respondem à luz projetada sobre o abdômen da mãe. Com 20 semanas já discrimina os sons. Com 5 meses a criança reage a um som alto levantando as mãos e tapando os ouvidos.
Sons intraútero
O útero é um ambiente rico em sons, do pulsar do sangue ao ribombar do estômago materno e mesmo o som da voz, filtrada pela barreira do seu corpo e do mar amniótico onde a criança por nascer boia.
Por volta das 20 semanas o aparelho auditivo está totalmente desenvolvido, segundo os pesquisadores Hepper e Shahidullah (1994). Um estudo da década de 80 pela Universidade da Carolina do Norte verificou-se que os 16 bebês que ouviam histórias infantis de suas mães grávidas durante as últimas seis semanas e meia de gestação, ao nascerem – poucas horas após o nascimento – foram submetidos à outras 2 histórias e após, à história habitual, alteraram e ajustaram o ritmo de sucção da mamada ao ouvir a história familiar, oferecendo uma evidência de memória pré-natal.
Os bebês diferenciam a voz materna e a língua falada por sua mãe. Se beneficiam de toda fala que conseguem ouvir. Segundo o pesquisador Marshall R. Childs, não há dúvida de que o feto experiência os estados emocionais da mãe como estresse, relaxamento, sono, vigília, exercícios, contentamento e raiva.
Faz isso ouvindo e notando as mudanças de tom, volume, velocidade e ritmo. Afinal a língua é usada em contexto com situações que incluem o estado emocional de quem fala.
Filhos de mães mudas depois do nascimento tendem a chorar de formas anômalas ou a não chorar nunca em reação ao estresse, como se alguma lição de vida essencial não tivesse sido dada.
Reflitam sobre como identificamos o estresse no tom de voz, volume e ritmo de quem fala. Durante a gestação de seu filho, houve muito estresse sonoro? Gritos, discussões, barulhos de alarmes, reformas da casa??
Tudo isso tem influência sobre como seu filho reage aos sons. Quando isso se torna um conflito precoce, segundo a Nova Medicina Germânica, pode ter relação direta com a Síndrome de Down.
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Abraços!
Dra. Simone Carvalho – Microfisioterapia e Fisioterapia Integrativa