O silêncio é um elemento que nos faz bem. É um estado de pureza, é algo que não se coloca em evidência, é alguém que renuncia a ser notado.
Neste post trago uma visão filosófica sobre a busca pelo silêncio mas também terapêutica do ponto de vista do que utilizo em consultório para ajudar as pessoas nesta busca genuína.
A rotina da vida em sociedade, sobretudo nas cidades e ambientes urbanos, é agitada e repleta de ruídos. Além do barulho físico, a poluição sonora, também vivemos envoltos por excesso de palavras, mensagens, informações, e atormentados por apelos de toda ordem que invadem nossa mente e nossos sentidos, tirando-nos a tranquilidade e o silêncio que gostaríamos de usufruir.
Porém, em meio a toda essa busca, os homens também sentem medo. Muitos nem sabem como alcançar o silêncio, por não estarem puros em seu próprio íntimo, por não saberem como encontrar a si mesmos. Temem ser completamente tomados pelo que lhes é desagradável: supressão das convivências, sensação de vida desperdiçada ou o sentimento de que a vida não flui.
Muitos sentem-se encurralados entre sua busca pelo silêncio e o medo que sentem do mesmo. Poderiam seguir rumo à paz, mas, quando tudo está calmo ao seu redor, entram logo em pânico, porque o insuportável ruído interno pode ressurgir.
Calar-se é um ato humano. O homem exercita-se no sentido de conter a fala, não apenas exteriormente, mas também calando-se internamente. Isso é difícil. Só podemos calar se renunciamos ao costume de julgar os outros e de nos compararmos a eles. Nada podemos fazer para impedir que os pensamentos de opinião e comparação pessoal se manifestem, porém devemos sempre e continuamente deixá-los de lado, reduzindo-os, assim, ao silêncio.
O calar é, antes de tudo, a renúncia às avaliações e opiniões. É um aprendizado que requer perseverança. Até que se tornem, de fato, interiormente silenciosos, os monges precisam praticar, anos a fio, este caminho do calar.
O silêncio é um elemento que nos faz bem. É um estado de pureza, é algo que não se coloca em evidência, é alguém que renuncia a ser notado. Alguém que apenas está ali. Para que possamos entrar em contato com este silêncio que temos à nossa volta, é essencial que não nos envolvamos com o nosso barulho interior e, de tal modo, não o ouçamos.
Nas montanhas podemos respirar pleno silêncio, quando percebemos apenas o murmúrio de um riacho. O murmúrio é um ruído, mas não perturba o silêncio; pelo contrário, ajuda a torná-lo acessível. Silêncio e paz interagem.
Existe em nós um espaço próprio do silêncio, e esse espaço existe independente do que fazemos, de nos mantermos calados ou falantes. Portanto não devemos produzir o silêncio. Ele existe diante de mim e independente de mim.
Muitos são os caminhos que podem conduzir ao silêncio e cada um precisa escolher o mais conveniente para si, baseando-se na tendência natural da própria alma. E saber que, o caminho para o silêncio nem sempre é agradável e o silêncio em si nem sempre é reconfortante. Ele também confronta nossa verdade interior e só quem consegue assumir sua própria verdade pode usufruir a paz que o silêncio traz consigo.
Se solicitamos o silêncio, não o obteremos de imediato. Vários recursos são eficazes para nos auxiliar nesta busca. Entre eles, o caminho da natureza, a procura por lugares silenciosos, a meditação, a leitura, os rituais, as atividades simples e contínuas que nos levam ao sossego. Mas tudo isso só me permite encontrar o silêncio se me proponho interiormente a aceitar tudo o que venha a mim. Tudo deve ser permitido, nada deve ser reprimido nem avaliado. Eu deixo estar e entrego à algo maior. Só com este princípio podemos nos aventurar ao silêncio e vivenciá-lo como terapêutico e libertador.
A minha experiência prática com esta busca
No texto acima trago as reflexões de Anselm Grun do seu livro “O poder do silêncio”.
A minha busca pelo silêncio já é um hábito antigo que influenciou até mesmo minha atuação profissional.
Hoje eu consigo desfrutar destes momentos de comunhão com o silêncio através de leituras edificantes, das meditações, de trabalhos manuais (meus atendimentos profissionais, artesanatos, e até mesmo uma boa faxina, porque não?), nos encontros com a natureza, na prática do Tai-Chi-Chuan e quando sou tratada como paciente com as técnicas que utilizo em consultório.
Sem dúvida a queixa mais comum em consultório atualmente é a ANSIEDADE e o ESTRESSE.
Tenho recebido aos montes pessoas que não fazem idéia do que é estar em comunhão com o SILÊNCIO interior.
Também tenho tido o privilégio de poder facilitar muitos destes encontros entre estes pacientes e este potencial inato de transformação que por vezes é esquecido por uma existência predominantemente ANGUSTIANTE.
É lindo ver como um breve contato com este silêncio esquecido pode dar um novo sentido à vida em que os problema e sintomas deixam de ser protagonistas e assumem um novo significado. São pedras que se transformam em trampolins.
As técnicas que tenho utilizado para facilitar estes encontros com frequência são a Terapia Craniosacral e o PSYCH-K®. O autoconhecimento que provém destas terapias e da Microfisioterapia eu considero ferramentas para aqueles que desejam serem oleiros de si próprios.
Sem dúvida a maioria dos meus encontros com o SILÊNCIO acontecem quando estou facilitando este encontro para os meus pacientes. Sou profundamente grata à todos por esta oportunidade.
Sobre a autora:
Dra. Simone Carvalho
Fisioterapeuta Crefito 216935-F
- Formações Internacionais em Microfisioterapia (França)
- Leitura Biológica (Nova Medicina Germânica)
- Terapia CranioSacral (SER1) (USA)
- PSYCH-K® nível PRO (USA)